Criação do Mundo


E Olorum criou o Mundo...


Quando Olorun decidiu criar a terra, chamou Obatala (O Rei do Pano Branco), entregou-lhe o “Apo iwa”igi ope. Sem conseguir se conter diante da sede, abriu o tronco da palmeira com seu opa soro (cajado). E bebeu o vinho da palma, até desmaiar. Enquanto isso Oduduwa foi consultar Ifá/Orunmila, que lhe mandou realizar uma série de obrigações. (bolsa da existência) e deu-lhe instruções necessárias para a realização da magna tarefa da criação do mundo. Obatala então convocou os outros Orisa (Orixás) para irem com ele. Oduduwa disse que antes de viajar tinha que dar uma obrigação. 
Todos os Orisa partiram e Oduduwa ficou. No caminho “Obatala” encontrou Esu, o Orisa transportador de sacrifícios que domina os caminhos. Esu lembrou a Obatala que este se tinha esquecido de dar obrigações antes de viajar. Obatala não ligou e seguiu viagem… E foi assim que Esu sentenciou que nada do que Obatala se propunha a fazer seria realizado. Mais adiante Obatala sentiu sede mas não parou… Passou por um rio, mas não parou. Passou por uma aldeia onde lhe ofereceram leite, mas ele não aceitou. A sede foi ficando insuportável. De repente Obatala viu
Levou Oduduwa cinco galinhas, das que têm cinco dedos em cada pé, cinco pombos, um camaleão, dois mil elos de corrente e todos elementos que acompanham o sacrifício. Orunmila apanhou estes últimos e uma pena da cabeça de cada ave e devolveu a “Oduduwa” a corrente, as aves e o camaleão vivos. A última coisa que Oduduwa tinha que fazer era levar uma oferenda a Olorun. Quando Olorun viu Oduduwa encolerizou-se, dizendo que tinha dado ordens para que todos os Orisa acompanhassem Obatala. Oduduwa explicou que estava seguindo o conselho de Ifa. Olorun então aceitou a oferenda. Nesse momento, Olorun lembrou que tinha esquecido de colocar no Apo Iwa (bolsa da existência) um pequeno saco contendo terra, um dos elementos fundamentais para a criação do mundo. Pediu então a Oduduwa que levasse o saco e entregasse a Obatala. Oduduwa partiu e encontrou Obatala ainda desmaiado, na beira do caminho, com os outros Orisa à sua volta sem saber o que fazer. Oduduwa tentou acordar Obatala mas não conseguiu. Oduduwa, então, levou o saco de terra de volta para Olorun. Olorun ouviu o relato de toda a história e decidiu entregar o saco a Oduduwa, com terra, num saco ou concha de igbin (caracol) uma galinha e um dendezeiro (palmeira). Oduduwa pegou então no saco, foi até o lugar determinado por “Olorun” e criou a terra. “Oduduwa” lançou a terra sobre a água, e nela colocou a palmeira e enviou Eyele, a pomba, para esparramá-la. Eyele trabalhou durante muito tempo. Para apressar a tarefa, Oduduwa enviou as cinco galinhas de cinco dedos em cada pé. Estas removeram e espalharam a terra imediatamente em todas as direções, à direita, à esquerda e ao centro, a perder de vista. Elas continuaram durante algum tempo. Oduduwa quis saber se a terra estava firme. Enviou o camaleão que, com muita precaução, colocou primeiro uma pata, tateando, apoiando-se sobre esta pata, colocando a outra e assim sucessivamente até que sentiu a terra firme sob suas patas.
“Ole”? “Kole”?
Ela está firme? Ela não está firme?


Quando o camaleão pisou por todos os lados, Oduduwa tentou por sua vez. Oduduwa foi assim o primeiro Orisa a pisar na terra. Durante esse tempo, Obatala acordou e vendo-se sem o “apo iwa”, retornou a Olorun, lamentando-se de ter sido despojado do saco da criação. Olorun tentou apaziguá-lo e em compensação transmitiu-lhe o saber profundo e o poder que lhe permita criar todos os tipos de seres que iriam povoar a terra.


 Tirado do Site:
http://www.apcab.net/cat/religiosidade-afro-brasileira/page/2/

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