Poemas - Marinheiros




Solto as amarras e o barco de casco fino penetra as entranhas do oceano
Numa onda de marés vou ao convés e vejo longe o quotidiano,
Hoje vai ser diferente,
Hoje não irei cá estar,
Sigo rumo ao desconhecido nas ondas do mar,
Olho as estrelas procurando uma direcção,
A lua parece maior e amiga em toda esta solidão,
Hoje libertarei,
Hoje vou conquistar,
Os remos ferem as águas e arrastam-me para lá e para cá

Os salpicos confundem-se com as lágrimas que choro por ti,
Hoje sigo viagem,
Hoje sigo para outra margem,
Ao longe o canto das sereias avisa-me de tempestade,
Apregoam cuidado e remo com maior celeridade,
Hoje mato a saudade,
Viajo em busca da verdade,
Por entre as nuvens vejo um rasgo de luz divinal,
Como se Deus ao longe me mostrasse um sinal,
Hoje não sou igual, 

Hoje não estou cansado,
As mãos feridas de tanta dedicação e o rosto queimado do sal,
Vou para longe e ao longe pareço avistar um areal,
Hoje chegarei,
Hoje vou conseguir,
O barco escangalhado ainda segue o seu caminho,
Os remos danificados deixam-me a braços sozinho,
Hoje lanço a âncora,
Será hoje a minha chegada,
Deixo junto á margem um resto de madeira atracada,
Caio de joelhos na praia e oiço-te dizer como uma fada:
“Bem-vindo marinheiro,
A tua vinda era esperada.”  







Nas ondas do desespero
Como quem acalenta felicidade
Se desenvolve o marinhar
Num mar bravo e revolto
Na procura da planura
Onde se envolve a acalmia
Se descreve o navegar
Em ondas de forte movimento
Pujança do desalento
No sentido mais extremoso
Do raiar o sentimento
Se colmata o flutuar
No viver pela esperança

Assim…
Passa o oceano tenebroso




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abcs