Não sou preto; branco ou vermelho;
Tenho as cores e formas que quiser;
Não sou diabo nem santo, sou Exu.
Mando e desmando;
Traço e risco;
Faço e desfaço;
Estou e não vou,
Tiro e não dou;
Sou Exu;
Passo e cruzo;
Traços misturam e arrastam o pé;
Sou reboliço e alegria;
Rodo, tiro e boto;
Jogo e faço fé;
Sou nuvem, vento e poeira;
Quando quero, homem e mulher;
Sou das praias, e da maré;
Ocupo todos os cantos;
Sou menino, avô, maluco até;
Posso ser João, Maria ou José;
Sou o ponto do cruzamento;
Durmo, acordo e ronco falando;
Corro grito e pulo;
Faço filho assobiando;
Sou argamassa;
De sonho carne e areia;
Sou a gente sem bandeira;
O espeto, meu bastão;
O assento? O vento.
Sou do mundo, nem do campo;
Nem da cidade;
Não tenho idade;
Recebo e respondo pelas pontas;
Pelos chifres da nação;
Sou Exu;
Sou agito vida, ação;
Sou os cornos da lua nova;
A barriga da rua cheia;
Quer mais?
Não dou;
Não tou mais aqui!